Nos últimos anos, o Brasil deixou de arrecadar R$ 345 bilhões por conta de sonegação de impostos, de acordo com o Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz). Visando combater fraudes e melhorar a fiscalização sobre os tributos declarados, o governo vem adotando diversas soluções tecnológicas, sendo a principal delas o cruzamento de dados entre os órgãos de arrecadação de impostos.
Supercomputadores da Receita Federal e do Banco Central processam sem parar os dados de contas bancárias e suas transações, divididos por CPF e CNPJ, registrando cada movimentação financeira que ocorre no país.
Ok, e o que isso muda para os empreendedores?
O Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) estima que 27% das grandes empresas não estão em dia com os tributos, enquanto 49% das médias e 65% das pequenas também fazem parte desse cenário. Para esses empresários, será muito mais difícil fugir das obrigações tributárias, afinal, a inteligência artificial do sistema rastreia, verifica e identifica divergências automaticamente, o que gera atuações mais rápidas e eficazes. Assim, mais do que nunca, é importante ter extrema atenção na contabilidade da sua empresa, pois não há mais espaços para fraudes e amadorismos.
O cruzamento de dados dos sistemas financeiros não é uma questão de eficiência ou de fé, mas sim de boas ações que geram bons resultados. É de conhecimento geral que nosso sistema tributário é bastante complexo, mas isso não justifica os atos de fraudes, caixa dois e lavagem de dinheiro, que são ilegais e demandam fiscalização e autuação. Por isso, todo novo mecanismo que combata essas práticas ruins é bem-vindo.
O fantasma do “aumento de custo”
Há um engano comum de que os novos sistemas de fiscalização sirvam apenas para encarecer as operações dos pequenos empresários, já que precisariam de um aparato financeiro maior para coibir erros de contabilidade. O que se tem esquecido é que as leis e regras são as mesmas para todos, guardadas as proporções e alíquotas, e todo empreendedor precisa ter esse conhecimento.
É mais do que necessário uma fiscalização precisa para o bom funcionamento da economia como um todo. Significa dizer que, hoje, a competência de um empreendedor não está mais apenas em gerir o negócio, mas também honrar todas as suas obrigações e isso inclui apurar corretamente e pagar seus tributos. O empresário precisa ser responsável, ter um contador competente e ter suas finanças organizadas para contribuir com o trabalho do contador. Tal cuidado não é luxo, é custo operacional indispensável à manutenção do negócio. Quem não tiver essa mentalidade e disposição para se adequar, infelizmente, estará fadado ao fracasso.
Concordam?